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Eduardo Laurindo da Silva

Eduardo Laurindo da Silva
Silva Porto - Bié (Angola), 30 de Setembro de 1944
  • post publicado originalmente em 25/12/2007

Laurindo e Joaquim Meirim

Preleção de Joaquim Meirim antes de Laurindo entrar a substituir aos 58' um companheiro (Carlos Serafim) em jogo contra o Farense, em Faro, a contar para a 3ª jornada do campeonato de 1970/71.

Belenenses, 2 - União de Tomar, 2 - “Jogou «sobre brasas» a equipa de Belém


  • Golo do Belenenses, aos 14 minutos: um lançamento da linha lateral foi captado por Ernesto, que levou a bola até à cabeceira, do lado direito, de onde tirou um bom centro. Dorado saltou com Conhé mas o esférico passou e Laurindo, surgindo rapidamente, atirou de cabeça.
  • Perto do fim da primeira parte, 2-1: os «azuis» atacaram pela direita. Ernesto surgiu de novo a centrar. Conhé não conseguiu chegar ao esférico e Laurindo, na ponta esquerda, rematou. A bola subiu por ter batido num adversário, Conhé saiu a soco, mas apenas pôde desviá-la uns metros. E Luciano, sobre a linha limite da grande área, em posição frontal, atirou em arco

Numa altura em que se diz que em Portugal há poucos extremos dignos desse nome, o Belenenses apresentou nada menos de dois: Laurindo e Fernando. São dois jogadores diferentes no estilo, mas ambos caminham para uma «forma» que os há-de notabilizar. E isso porque possuem «conteúdo» técnico. 
É provável que Laurindo possa ter ainda maior utilidade jogando no meio campo ou na posição de «ponta-de-lança», mas a maneira como executa e sabe procurar a bola, aliada à necessidade que as equipas têm de recuar, por norma, um dos extremos que pode desempenhar papel relevante na manobra do «miolo», não o impede de jogar num dos lados do campo. Com Fernando, as coisas parecem diferentes: o madeirense sente-se muito mais à-vontade junto à linha. Os dois foram, porém, os melhores jogadores do Belenenses. 

Ainda na linha dianteira, a entrada de Walter ainda afastado da «forma» melhorou imenso o sector. De qualquer maneira, Dorado teria de ser substituído. Ernesto, um tudo nada pesado, precisa de mais uns treinos a «sério». Quando ambos estiverem fisicamente bem, o problema da linha avançada do Belenenses pode estar resolvido.  

Luciano teve uma primeira parte inferior à segunda. Mas é um jogador de utilizar. Quanto a Freitas, achamo-lo muito mais útil no quarteto defensivo, onde não há segurança. Quaresma está em má «forma». Assis também não se encontra bem. Cardoso, com altos e baixos. Esteves o mais certo. E em cima de tudo isto, um mau jogo colectivo, com desacerto nas dobras e constantes erros no tempo de entrada.  

Gomes não teve culpas nos golos.


Para ler a crónica completa visite o Blog União de Tomar (a quem agradecemos), clicando aqui ou o post que publicámos no BI, aqui

Aplicação do jogadores do Sporting e do Belenenses num terreno impraticável tornou o desafio deveras aliciante


📸 Ernesto, Godinho, Gonçalves, Laurindo e Bastos

Estádio José de Alvalade, 16 de Março de 1969 - 22ª jornada do Campeonato Nacional da época de 1968/69. Árbitro: José Alexandre, de Santarém.

⛹Belenenses - Mourinho; Rodrigues, Quaresma, Murça e Esteves; Luciano e Cardoso; Laurindo, Roberto Saporiti, Ernesto e Godinho.
Treinador: Mário Wilson
Suplentes: Serrano, Walter Ferreira, Caetano e Benvindo Assis.

Sporting - Damas; Pedro Gomes, Armando Manhiça, Bastos e Hilário; Alexandre Baptista, Pedras e Gonçalves; Chico Faria, Lourenço e Marinho.
Treinadores: Mário Lino e Armando Ferreira
Suplentes: Barroca, Celestino e Sitoe.

⚽ Marcadores: Lourenço (aos 9' e aos 18') e Pedras (41'); Laurindo (42') e Saporiti (51'). Resultado final: Sporting, 3 - Belenenses, 2
➤«(...) aos 17 minutos, da 2º parte, os jogadores do Belenenses reclamaram «penalty». Um canto ganho por Saporiti, foi marcado por Godinho e rematado por Ernesto. Sobre a linha de golo, Pedro Gomes, interceptou a bola com as mãos e o árbitro não assinalou a falta» 
➤«Há a assinalar o clamoroso erro do árbitro que não marcou a grande penalidade derivada da defesa a punhos de Pedro Gomes (...)»

A solução não veio do banco...

Campeonato nacional da época 1970/71. Em Faro disputa-se o «jogo da jornada». Joaquim Meirim, no seu jeito único e inconfundível, dá instruções a Laurindo (suplente, com nº 15) para que este ajude a inverter o resultado negativo. Nada adiantou. O resultado (1-0) manter-se-ia até final.

Godinho e Laurindo‏

  • Vítor Manuel da Cruz Godinho - 16 épocas envergando a camisola do Belenenses: 2 épocas júnior (1961/62/63) e 14 épocas sénior (de 1963/64 a 1976/77)
  • Eduardo Laurindo da Silva - 6 épocas no Belenenses: de 1967/68 a 1972/73

Laurindo e Mauro: tal pai tal filho !

O pai: Eduardo Laurindo da Silva, nasceu em Silva Porto - Bié (Angola) a 30 de Setembro de 1944.
O filho: Bruno Mauro Nunes da Silva, nasceu em Lisboa a 28 de Maio de 1973 (ano e mês que o pai se sagrou vice-campeão nacional).


Bruno nunca viu o pai jogar à bola, mas as botas tamanho 44 penduradas na porta do quarto davam-lhe asas à imaginação. As fotografias guardadas religiosamente ajudavam-no a formar a imagem de Laurindo enquanto jogador que vestiu as camisolas do Belenenses (quase toda a carreira), FC Porto e Beira-Mar. A paixão pela equipa da cruz de Cristo passou de progenitor para filho e Bruno, que um dia viria a ser conhecido pelo segundo nome, Mauro, só pensava em crescer para encher aquelas botas e tomar o rumo do Restelo. "O Belenenses era e é o clube do meu coração e nunca pensei em jogar noutro", afirma, convicto, ao mesmo tempo que sorri ironicamente ao recordar as voltas que a carreira deu para o afastar mais e mais do sonho.

O jovem Bruno nasceu com o futebol na família, mas também com os estudos. "Tenho um tio com curso superior em Economia, uma tia que 'tirou' Medicina e o meu irmão foi a Londres acabar "marketing" e publicidade. Há muitos intelectuais entre os meus parentes, mas eu parei no 1º ano de electrotecnia. O futebol sempre foi mais importante, embora o meu pai nunca tenha pressionado os filhos a seguirem a profissão. Pelo contrário, dizia-nos para estudar." O bichinho dos livros ainda morde num desejo que apenas sussurra por agora: "Quero tirar o curso de Psicologia, quando terminar a carreira."

Nasceu em Lisboa em 1973, mas não se lembra da capital portuguesa nos tempos da Revolução dos Cravos. "Com quatro anos fui para Angola, pois o meu pai, imbuído de patriotismo e de vontade de colaborar na recuperação do país, vendeu tudo o que tinha para retomar a vida lá." Enquanto os pais fechavam as contas em Portugal, Bruno e o irmão Hélder, quatro anos mais velho, juntaram-se aos avós na cidade do Lobito e lá ficaram três anos.

Na baliza

A família reunida rumou a Luanda e a vida da capital alterou radicalmente os hábitos de Bruno. "Muita coisa aconteceu, desde a morte de um tio muito chegado, com leucemia, à separação dos meus pais. Aquele período, apesar da adversidade, moldou positivamente a minha personalidade." A bola foi um refúgio constante. Não a de trapos, mas daquelas a sério. "Era um privilegiado. Até tinha botas de verdade, algo que me diferenciava. Jogava com uma bota no pé esquerdo e uma sapatilha no direito e emprestava a bota direita a um amigo, o Irineu, que tinha um pontapé destro muito forte." Viveu na Rua Samba, no Bairro Azul.

Começou pela baliza porque detestava sofrer golos e tinha bons atacantes na frente mas a impaciência fê-lo desistir da ideia. Com a mãe Susana, hospedeira da TAG, a incitá-lo aos estudos, Bruno decidiu que o seu destino estava em Portugal. Foi treinar uma semana no ASA, a fim de provar à mãe que a ideia do futebol tinha pernas para andar. O treinador gostou, disse-o à mãe, e esta lá se convenceu em deixar o filho seguir para Lisboa, a fim de estudar e jogar futebol, na procura da sua verdadeira vocação. Mas a cabeça de Bruno, então com 16 anos, já estava no Estádio do Restelo.

Restelo sempre longe

Mal pousou as malas em casa de um primo, no Cacém, correu a agarrar o sonho. António Silva e Nuno Cristóvão, responsáveis pelos juniores do Belenenses, só souberam que Bruno era filho de Laurindo um ano após terem dado o aval para a sua contratação. "Não quis usar o nome do meu pai para ganhar favores. Sempre pensei numa carreira em que não fariam comparações."

Na equipa jogava Bruno Pereira e foi-lhe proposto ficar a chamar-se de Bruno II. Mas o bilhete de identidade tinha uma solução melhor e encontrou o nome de guerra: Mauro. A adaptação a Lisboa, "uma sociedade mais pressionante", não foi fácil, mas os dois anos que passou nos juniores serviram para alimentar o sonho.

Chegou então a hora porque sempre sonhou. As botas do pai estavam preparadas para voltar à actividade. Depois de algumas convocatórias animadoras à primeira equipa, depois das conversas positivas da mãe com o departamento de futebol, a assinatura do contrato de sénior seria apenas um pró-forma. Mauro esperou, esperou, até que o sonho lhe arrebentou na cara. "Não tinha empresário, não sabia o que era preciso para sobreviver no futebol português, era muito ingénuo nessas coisas e quando dei por mim, estava sem clube, à espera de um contrato que nunca veio. Fui para Almeirim."

"É engraçada esta vida. Andei a sonhar em jogar para sempre no Belenenses e acabei a trocar de clube ano após ano, pelo país inteiro. Mas o mais irónico foi a minha estreia na I Liga. Joguei pelo Farense no... Restelo, ante o meu Belenenses. E perdi." Como o sonho. Depois de amanhã, Mauro jogará no Restelo.

Pai estreou-se a ganhar 4-0 ao Sporting mas não marcou

Laurindo, pai de Mauro, estreou-se na I Divisão portuguesa a 12 de Maio de 1968, com a camisola do Belenenses. O adversário foi o Sporting e o resultado idêntico ao ocorrido em Paços de Ferreira: 4-0. Embora Laurindo não tenha marcado qualquer golo – ficaram a cargo de Sérgio, Ernesto (2) e Lua –, o angolano realizou uma boa exibição e prometeu qualidade para a época seguinte, já que a partida do Restelo foi disputada na última jornada da prova, ganha pelo Benfica.

"Nunca vi o meu pai jogar, mas as pessoas que o viram dizem-me que não tenho o mesmo estilo em campo." Laurindo foi um extremo veloz que jogou na selecção portuguesa, ganhou o seu espaço na história do Belenenses e incutiu a paixão pelo clube da cruz de Cristo no filho.
In Record/César de Oliveira, 19 de Setembro de 2002

Plantel do C.F. «Os Belenenses» da época de 1970/71


Homero Serpa (Director Técnico), José Manuel Félix Mourinho (jogador e treinador de campo), Celestino Ruas, Alfredo Quaresma, João Cardoso, Estêvão, Ferro Pais, Pena, Alfredo Murça, Freitas, Amaral e Vítor Cabral.
Djalma, Arlindo, Virgílio, Aurélio Gomes, Laurindo, Camolas, Carlos Serafim, Ernesto e Godinho.

"Esta já é uma excelente equipa, longe das equipas entre 66 e 69, com a crise do Estádio, etc., épocas de pouca estabilidade. Deve ter sido na época seguinte que o Carlos Serafim, a nossa maior promessa, teve uma grande lesão, que o afastou do futebol. 
No ano seguinte, 71/72, já não me lembro do técnico (Mário Wilson?), com Murça, Quinito, Estêvão, aquilo é que era jogar. Que diferença para os dias de hoje. O Estêvão tenha um pontapé notável e a centrar o pé esquerdo era uma autêntica colher. 
Muitos outros estão aqui e eram excelentes jogadores - João Cardoso veio do Sacavenense como extremo-esquerdo, foi em boa hora adaptado a defesa-esquerdo. Pena que o clube não o tenha segurado no pós-25 de Abril. Como o Freitas e o Laurindo. 
Quando o Fredy recuou para defesa esquerdo, na 4ª feira, lembrei-me do João Cardoso. Do Godinho, internacional A, que esteve para ser dispensado, nos anos anteriores, do que me lembro mais foi quando recuou para jogar com o Gonzalez pela esquerda. Minha nossa. Vi muitos defesas direitos de gatas atrás da bola, era um show. 
E atenção ao guarda-redes, que era banco em Setúbal (do Vital, ex-Lusitano de Évora), e recuperou a carreira no Belém onde ainda jogou 5 épocas talvez, com resultados muito honrosos da nossa equipa.
Os Mourinhos são de Setúbal, mas não podem negar uma ligação quase umbilical ao Belém." José, texto retirado dos comentários a este post